quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Educar para Transformar

 
        
“… aqui chegamos a um impasse: não se pode reformar uma instituição, sem uma prévia reforma das mentes, mas não se pode reformar as mentes, sem uma prévia reforma das instituições. Essa é uma impossibilidade lógica que produz um duplo bloqueio. Há resistências inacreditáveis a essa reforma… A imensa máquina da educação é rígida e inflexível, fechada, burocratizada. Muitos professores estão instalados em seus hábitos e autonomia disciplinares… Para eles o desafio é invisível… Mas é preciso começar e o começo pode ser desviante e marginal… a iniciativa só pode partir de uma minoria, a princípio incompreendida, às vezes perseguida. Depois a idéia é disseminada e quando se difunde, torna-se força atuante”.

                                                                                                                   Edgar Morin


                O conceito de educação é bastante amplo, mas pode-se dizer que se trata de prática social realizada com intencionalidade de crescimento humano que culmina com a formação do cidadão. O educador Paulo Freire foi mais além, afirmando que educação é uma práxis social que, além de imprescindível para a formação do indivíduo, deve se constituir num importante instrumento de transformação da realidade, no sentido de tornar o homem pleno, emancipado, consciente do seu papel de cidadão.
               Como ferramenta viabilizadora do exercício da cidadania, as ciências que constituem as dimensões educacionais e pedagógicas devem contemplar diferentes aspectos socioculturais, sob pena de redundar numa educação que apenas reproduz conteúdos há muito cristalizados, que pouco ou nada contribuem para a transformação social.
                A educação, ao tempo que tem o propósito de transformar as pessoas, a partir do novo jeito de pensar e agir não poderia deixar de se apropriar do que lhe é naturalmente oferecido para melhorar o desempenho dos que buscam constantemente o aprendizado. Da mesma forma, o professor precisa se apropriar das inovações tecnológicas disponíveis no seu campo de conhecimento para melhor transmitir o conhecimento aos seres em transformação intelectual, os alunos.
               Quando pensamos na construção de outro mundo, na transformação da ordem atual numa ordem mais justa, baseada em princípios de solidariedade e respeito às diversidades, sabemos que a educação é o principal caminho. Sim, a educação é a única forma pela qual poderemos realizar transformações verdadeiras e completas, porque é através dela que nos (re)formamos e mudamos o mundo a partir da nossa mudança. Nesse sentido, estamos numa grande e constante luta por uma educação de qualidade, apoiada em valores democráticos e não-mercadológicos.
             No entanto, os processos formais de educação não são suficientes para a formação cidadã e cultural completa. As propostas de educação não-formal utilizam linguagem e formas de expressão distintas, mais flexíveis, que se adaptam às diversidades das pessoas e complementam a educação formal. Atividades que envolvem arte e outros meios alternativos de aprendizagem fazem parte das experiências do contexto não-formal que estimulam a criatividade e a produção de novas formas de conhecimento que contribuem para a formação e expressão de identidades culturais.
             Colocar a educação não-formal em foco contribui para estimular o desenvolvimento da participação coletiva, criada a partir de processos dinâmicos para que seja cada vez mais transformadora; que seja uma inovação com plataforma sólida com o envolvimento de sujeitos que participam com base na sua cultura, num processo de educação que gera produção social inclusiva.  A educação não-formal tem o benefício de se adaptar às particularidades de grupos, regiões, dando uma liberdade essencial para a transformação individual e coletiva, favorecendo a diversidade e a riqueza humana.
           Portanto, devemos não apenas promover atividades de educação não-formal, colaborando diretamente com o processo de transformação social, justiça e inclusão, mas também lutar pelo reconhecimento formal dessa metodologia e suas vantagens como complemento à educação formal.
          A escola é (ou pelo menos deveria ser) um ambiente favorável onde professores, pedagogos e alunos podem atuar e por em prática os propósitos preconizados por autores que pensam a educação como uma prática social transformadora da realidade, sempre objetivando a inclusão, justiça social e a melhoria da qualidade de vida das populações. Para isso é preciso questionar paradigmas e romper com as idéias há muito arraigadas no seio da sociedade formadora de opinião (esta que, inclusive, fechou os olhos para o sucateamento da escola pública). Produzir uma pedagogia reflexiva e transformadora deveria ser um compromisso institucional permanente que conferiria à educação seu verdadeiro papel.

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